quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A hora certa de noivar

Há mais ou menos 5 meses atrás minha amiga Sara, que tinha um namoro de 2 anos, contou-me que o namorado dela havia tocado no assunto "noivar". De imediato, como não esperava, ela não conseguiu lidar muito bem com tal assunto e acabou desconversando para que pudesse pensar melhor.
Não que ela não quisesse casar com ele, é claro que queria, e como queria! O problema era que isso ainda parecia um pouco distante, pois ainda faltavam 4 anos para que ele se formasse e, embora já estivesse empregada, ela ainda não sabia se continuaria naquela mesma área. O fato era que ainda aconteceriam muitas coisas antes que os dois finalmente pudessem "dizer sim" com uma certa estrutura.
Expliquei logo que não entendia muito bem disso, nunca noivei e nem sequer cheguei perto! Porém, como tudo na vida, existiam casos e casos e eu, como sou mestre em viver escutando histórias de relacionamentos de todos os tipos, já havia presenciado alguns.
Já tive um casal de amigos que noivou poucos meses depois que começaram a namorar. É certo que o namoro ainda durou muito tempo, mais de 5 anos, mas quando tudo parecia quase resolvido para quem sabe marcar uma data, o namoro acabou. Quer dizer, o noivado acabou. Eles ficaram noivos em tão pouco tempo e por tanto tempo que nem eu e nem ninguém os considerava como noivos, nem mesmo o próprio casal.
Por outro lado também havia outro casal de amigos que foi noivo durante uns 7 anos e finalmente casou. No caso deles foi notável que houve uma mudança no que se refere aos planos quando eles resolveram noivar, pois foram 7 anos juntando dinheiro, crescendo profissionalmente, procurando apartamento, discutindo objetivos, convivendo mais frequentemente, ajustando as rotinas, dentre outras atitudes.

Foto por Sean Choe

Como Sara não queria ser enrolada... Quer dizer... Como Sara não queria noivar apenas por noivar, conversou bem com ele sobre o que tal compromisso poderia mudar entre ambos, afinal de contas, noivar deveria fazer alguma diferença e dar um novo foco para a relação.
Lembrei-me então que, quando eu era criança, alguém noivar era quase sempre um evento! Todos ficavam felizes e comentavam a novidade, faziam uma festa de comemoração por mais simples que fosse para marcar aquele dia.
Naquela época comecei a ter aquela visão "melosa" de quase toda moça, ou seja romântica e otimista do noivado. Os casais apresentavam o noivado como o marco de uma nova fase na vida, uma espécie de preparação, de planejar e correr atrás para atingir metas com uma certa estrutura, de fazer acertos entre ambos para que aquilo se tornasse realidade.
Em alguns casos, já se acertava uma data de quando o casamento iria ocorrer, outras vezes, apesar de não haver um dia específico, pelo menos uma época determinada com o ano era indicada. E é assim que ainda funciona para uma parte dos casais, a ideia que passam é a de como se dissessem "vamos realmente nos casar".
Atualmente, para outros casais, o noivado passou a ser não mais uma afirmação de que haverá um casamento, e sim uma maneira de afirmar que sua relação é algo sério, onde a aliança simboliza mais um anel de compromisso do que de noivado em si.
Alguns desses casais nem se dão conta, mas às vezes só noivam porque, perante a família, talvez os noivados passem uma ideia maior de seriedade. Até porque vamos combinar que hoje em dia fica difícil para alguns pais e avós entenderem os namoros como algo tão sério quanto no tempo deles.
Esses exemplos me deram uma visão pragmática e pessimista do noivado, não excluindo a romântica e otimista também. Na maioria das vezes essas situações acabam gerando noivados de anos e anos que dificilmente se concretizam, pois são casais que não fazem planos sólidos e não colocam metas para que o casamento venha a se realizar. A ideia que passam é a de como se dissessem "pensamos em, quem sabe, um dia nos casarmos".
Voltando a Sara, ela não noivou, não por uma questão de ficar muito ou pouco tempo noiva, mas porque ela percebeu que ainda não havia uma maturidade no relacionamento que pudesse concretizar planos e estipular metas que ambos de fato, não enrolassem, e sim cumprissem. A prova disso veio uma semana depois, quando o namoro acabou pelas mesmas razões que existiam desde o começo do namoro, promessas não cumpridas.

Pensando racionalmente, talvez o mais coerente fosse noivar apenas quando houvesse uma previsão mais acertada de quando seria o casamento, ao invés de se esperar anos e anos eternamente noivos e criando expectativas. Só que noivar não é uma decisão apenas racional, ela é bem mais sentimental, e os sentimentos às vezes nos guiam em nossas decisões.
Assim como o racional tem um momento apropriado, o sentimental também tem o seu momento e às vezes é preciso agarrá-lo. Deixar passá-lo pode fazer com que ele não surja novamente, e isso possivelmente implicará em situações desagradáveis, como por exemplo casar com a pessoa errada ou ficar encalhado o resto da vida. Brincadeira! Pensando melhor, pode não ser brincadeira...
Brincadeiras a parte, a verdade é que quando amamos realmente alguém, queremos e nos esforçamos para fazer dar certo, e ficar muito tempo ou pouco tempo noivos não altera o resultado, que é o casamento. E a certeza de casar sempre temos quando existe amor, mas nem sempre temos a maturidade para levarmos adiante a decisão e de entender como aquilo afetará em nossas vidas. Coisas que às vezes só o tempo ou outras experiências poderão nos trazer, se é que me entende.
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