quarta-feira, 22 de julho de 2009

Matuto, matuta, noivo, noiva ou padre?

Basicamente, numa festa de São João convencional, existem cinco tipos de personagens fundamentais:
Os matutos: que são os homens com chapéu de palha, blusa quadriculada, calça jeans e bigode pintado, caso não possuam bigode de verdade.
As matutas: que são as mulheres com vestidos coloridos, tranças no cabelo e pintinhas no rosto.
O noivo: que quase sempre é um matuto, só que um pouco mais arrumado que o matuto típico. Muita vezes, a diferença está apenas no fato de que eles colocam um paletó por cima da roupa de matuto.
A noiva: que, obviamente, estará vestida de branco com véu na cabeça e pintinhas no rosto assim como as matutas.
E o padre: que vai de batina marrom ou preta e torna possível o casamento do noivo com a noiva.
A partir dessas descrições, eu faço a seguinte pergunta: Se você quisesse se dar bem, beijar muitos matutos ou muitas matutas que vão para a noite da festa de São João, qual destes trajes você escolheria para vestir-se?
É quase certo que aqueles que vão de noivo ou noiva já tem o seu par predeterminado, pois afinal de contas, eles irão casar. Os casais de namorados são mestres em irem fantasiados de noivo e noiva, até porque já fica expresso "Tenho compromisso com alguém".
O padre, coitado, sua função é a de casar os noivos e sair juntando casais durante a festa de São João. Fora o fato de que o seu traje, a batina, é a menos convidativa e atrativa para os que ali estão.
Então, pela lógica, só te restou ir de matuto ou matuta para se dar bem, não é mesmo? Errado!
Tomei um susto quando vi meu amigo, Benjamin Otávio, vestir-se de padre minutos antes de entrarmos em um São João. Eu, particularmente, sempre fui de matuta, e ao contrário das minhas amigas que iam vestidas de noivas, sempre era mais cantada por conta do traje.
Porém, Benjamin Otávio me provou o contrário: ser padre chama mais fiéis para "sua Igreja" do que matutos para minha quadrilha. Isso ficou evidente com as cantadas que ele recebeu no São João, não só dessa festa, como de outras festas de São João também desse ano.
Preciso dizer que, logo na entrada, todos já olhavam para ele. Claro, além de bonito, ele também chamava a atenção por ser o único padre da festa. Daí então, só foi cantada em cima de cantada, mas as que ficaram guardadas são justamente aquelas que se relacionavam ao fato dele "ser um padre".
Ao ir comprar cerveja, uma menina que estava comprando um selinho na Barraca do Beijo para ela, foi pega de surpresa ao ver a amiga roubar o beijo que ela havia comprado. Ao olhar para o lado, viu Benjamin com sua batina. Triste por ter perdido o beijo e sem vergonha nenhuma, ela perguntou:
- Onde você alugou essa roupa não tinha roupa de freira também não, para eu entrar no seu convento?
A festa continuou, e outra moça que olhava para ele, acabou pegando na batina dele. Ela era meio desprovida de beleza física, então, para se safar daquela situação, ele disse:
- Pegou na batina casou minha filha!
- Ai é? E se eu quiser casar com o padre?
- Sou celibatário!
O sucesso foi tanto que ele repetiu a dose, vestiu-se de padre em outra festa de São João. Por coincidência acabou recebendo a mesma cantada, dessa vez era de uma bela moça:
- E se eu quiser casar com o padre?
- O padre só pode dar um selinho minha filha! E um selinho pode!
- Então tá, né?
E ainda teve matuto que sentiu inveja desse sucesso todo, e para não ficar por baixo soltou:
- Ah, eu também vou já é me vestir de padre!
- Pois a gente vai ter que disputar nessa paróquia quem tem mais fiéis!
Outro matuto tentou amenizar o "clima hostil":
- Eu acho que os padres que é que vão se resolver.
E para não ficar por baixo também, Benjamin disse:
- Pois mais tarde, meia-noite, você me encontre atrás da Igreja que a gente se resolve bem direitinho!
E agora? Matuto, matuta, noivo, noiva ou padre no próximo São João?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Acessório indispensável

Deyse havia acabado um namoro sério e de longa data quando resolvemos jantar com a minha avó, Dona Laura. Naquela conversa toda, tanto eu como Deyse, desabafamos sobre os finais de relacionamentos.
Minha avó, muito sábia, tentava dizer coisas que pudessem fazer com que Deyse se sentisse melhor. E para que ela não se preocupasse, deixou claro:
- Olhe, nem se preocupe, o que tiver que ser, será. Se for para vocês ficarem juntos, vocês irão se reencontrar futuramente. E caso não deva ser assim, é porque tem coisa melhor vindo por aí, e um dia você conhecerá alguém que te faça mais feliz.
Conversa vai, conversa vem, acabamos passando do tema "finais de relacionamentos" para "começos de novos relacionamentos". Ela dizia que, na nossa idade:
- Vocês não devem se preocupar com essas coisas de romances duradouros, não adianta, as coisas sempre acabam ocorrendo do jeito que elas devem ser, mesmo que nós não saibamos qual jeito é esse.
E não satisfeita em deixar essas palavras soltas no ar, ela acabou citando um exemplo de "como as coisas acontecem do jeito que tem que acontecer", onde o mesmo exemplo era uma dica para arrumar paqueras.
- Mas olha, se vocês querem mesmo saber, contarei o meu segredo para que vocês arrumem alguns paqueras. Só para terem uma distração mesmo.
E finalmente, depois de muito mistério, ela nos contou "o segredo" para se conseguir um paquera, e mais, como fazer para vê-lo novamente!
- O segredo é sempre andar com uma pulseirinha!
Não, não, não é uma pulseirinha da sorte que traz a pessoa amada não. Pelo contrário, ela vai até a pessoa amada! Tá, tá, eu sei que ficou difícil de entender, então vamos ao início da história que ela nos contou.
Minha avó estava num baile de Carnaval, onde ela viu um rapaz muito bonito que por sorte, ou destino, a convidou para dançar. A noite seguiu maravilhosamente bem, e minha avó, muito esperta, queria que outros dias assim vinhessem, mesmo que estes não fossem para sempre.
Não quis abusar da sorte, que já tinha proporcionado uma dança com esse rapaz bonito e interessante, então, já tendo gastado a sua cota de sorte naquela noite de Carnaval, ela decidiu agir. Sem que ele percebesse, tirou a pulseira que estava usando e jogou-a no bolso da camisa dele enquanto dançavam, era como se isso fosse uma garantia de que ela o veria novamente para devolver a pulseira. E se realmente fosse para ser assim, assim seria.
No dia seguinte, minha avó acordou toda sorridente. A moça que trabalhava em sua casa logo percebeu e perguntou o porquê daquele sorriso.
- Por nada, apenas receberei uma visita hoje. Daniel vai passar aqui.
- Daniel? Como você sabe que um rapaz chamado Daniel vem aqui hoje?
- Espere, você verá.
Não passou muito tempo, e alguém bateu palmas no portão de sua casa. Era ele, Daniel.
- Olá, eu vim devolver uma pulseirinha que a Laura esqueceu comigo.
O "devolver a pulseirinha" de Daniel para Laura dura há quase 60 anos, 60 anos de muitas diferenças, mas principalmente, 60 anos de amor verdadeiro. Ou seja, Daniel se tornou meu avô, quer dizer, eu me tornei neta de Daniel e Laura.
Logo depois, fiquei a pensar com Deyse. Hoje em dia, algumas garotas da nossa idade, não esquecem suas pulseiras, e sim a calcinha dentro do carro de seus ficantes. E, diferentemente da pulseirinha da minha avó, as calcinhas muito dificilmente voltam, e servem até mesmo como troféu para alguns garotos.
Se você não é adepta das calcinhas esquecidas dentro do carro, terá que andar com muitas pulseirinhas e escolher bem no bolso de quem você vai jogá-las, para ver se pelo menos uma delas volta.
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