Os estudantes de Arquitetura e Urbanismo, mais precisamente aqueles que cursaram a disciplina de Psicologia Ambiental ou outra equivalente a mesma, sabem bem o que é uma bolha virtual.
Eu poderia resumir sua definição com a seguinte frase: "Área em redor do nosso corpo na qual os outros não podem estar sem causar desconforto" *. Mas creio que, mesmo assim, ainda não ficaria totalmente claro o conhecimento geral sobre a bolha virtual, então encontrei outra definição: "É como se cada ser humano fosse circundado por uma bolha virtual, que só pode ser invadida nas relações íntimas, nos rituais rápidos de saudação (como o beijo na face de um amigo ou apenas conhecido), ou em circunstâncias caracterizadas por manifestações agressivas" *.
A bolha virtual também não é algo totalmente fixo, dependendo da situação e do local ela pode se tornar maior ou menor, ou seja, o tempo inteiro estamos numa espécie de bolha imaginária inconsciente, e dependendo da pessoa e do local essa bolha modifica seu tamanho.
Por exemplo: A bolha virtual que tenho com um amigo íntimo com certeza será bem menor do que a bolha que tenho com um simples colega de faculdade. Então, se eu me sentasse num banco entre essas duas pessoas, com certeza ficaria mais próxima do meu amigo íntimo do que do meu simples colega de faculdade e me sentiria mais confortável com esta situação.
Outro exemplo: A bolha virtual que tenho com meu namorado é... Não, quer dizer, esqueçam. No caso dos namorados a bolha acaba estourando com um determinado tempo de namoro... Ou não.
Enfim, a maneira como você se comporta e se mantém a uma determinada distância de alguém, depende do tamanho da sua bolha virtual.
Uma situação onde a bolha virtual pode ser colocada diariamente, está no elevador: "São regras não escritas, que não têm validade em espaços fechados e restritos como o elevador, no qual somos obrigados a infringi-las. A ruptura de tais regras pode provocar em certas pessoas intenso desconforto e sensações aversivas" *.
Nos relacionamentos isso não é diferente. Quantas vezes você já não deve ter se sentido invadido pela maneira como alguém abordou "seu espaço"? Seja com alguém puxando você para perto, se metendo na sua frente ou tentando te beijar à força, em todas essas situações a pessoa passou dos limites, ou seja, ele rompeu sua bolha virtual.
Embora muitos caras já tenham invadido a minha bolha virtual, uma situação em especial me fez lembrar de todo o conhecimento que eu tinha a cerca de bolhas virtuais.
Numa calourada, onde a grande maioria das pessoas eram estudantes de Arquitetura e Urbanismo, um estudante sentou-se ao meu lado e começou a "puxar" conversa. Era uma conversa meio sem sentido, ao mesmo tempo em que me perguntava que bandas eu gostava de escutar, ele fazia a perguntas como:
Numa calourada, onde a grande maioria das pessoas eram estudantes de Arquitetura e Urbanismo, um estudante sentou-se ao meu lado e começou a "puxar" conversa. Era uma conversa meio sem sentido, ao mesmo tempo em que me perguntava que bandas eu gostava de escutar, ele fazia a perguntas como:
- Pois é, então, você estagia?
- Sim, no momento estou estagiando.
- Ah tá, eu perguntei porque senão te chamava para estagiar no escritório comigo.
Eu não sei se isso teve um duplo sentido, porém é muito estranho que um cara que me conhece há exatos 3 minutos me ofereça um estágio, onde eu poderia ser uma louca psicopata ou uma estudante vagal que não daria rendimento nenhum ao seu escritório.
E o que faltava para uma conversa estranha? Claro, um ato estranho. Foi então que aos 5 minutos e 34 segundos de conversa o indivíduo começou a aproximar o nariz dos meus ombros e rosto. Não entendi muito bem, mas aquilo ali na minha definição é "fungar". É isso mesmo, ele estava me cheirando, e mesmo eu me afastando ele continuava próximo, não parecia que estava tentando me beijar e sim me cheirar.
Eu, que já estava incomodada, pensei na mesma hora: "Esse cara tá invadindo minha bolha!". Então eu pensei que, se ele fazia Arquitetura, eu poderia claramente dizer isto e ele entenderia sem eu me passar por grosseira.
- É... Tipo assim... Você tá invadindo minha bolha.
- Quê?
- Você tá invadindo a minha bolha.
- Ãn?
- A bolha...
Ao mesmo tempo em que falava, eu movimentava os meus braços tentando delimitar a minha bolha virtual para que ele a visse ou pelo menos entendesse. Surpresa fiquei, pois ele não entendeu e ainda me olhou com uma cara de quem pensa: "Meu, que maconha estragada foi essa que tu fumou?". E quando falei "bolha" pela última vez, ele disse:
- Falou.
Fiquei sentada, vendo ele ir embora, me sentindo uma idiota e me perguntando: "Será que eu era a única pessoa ali que sabia o que era uma bolha virtual?".
Referências:
* Definição de bolha virtual. Cultkitsch. Disponível em http://www.cultkitsch.org/ciencia/psicologia/psicologia_ambiental_files/psicologia_ambiental.htm
* BARBERI, Massimo. Psicologia de elevador. Mente e Cérebro. Disponível em http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/psicologia_de_elevador_imprimir.html
Referências:
* Definição de bolha virtual. Cultkitsch. Disponível em http://www.cultkitsch.org/ciencia/psicologia/psicologia_ambiental_files/psicologia_ambiental.htm
* BARBERI, Massimo. Psicologia de elevador. Mente e Cérebro. Disponível em http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/psicologia_de_elevador_imprimir.html